Pau-brasil, árvore preciosa

Se existe uma árvore que sempre está em pauta e atrai a atenção, seja no imaginário, na curiosidade, ou na conversa despretensiosa, essa árvore é o pau-brasil. Por inúmeras razões, mas talvez principalmente pelo fato de que você e eu, ao nascermos brasileiros, de alguma maneira já ficamos conectados com ela. Podemos dizer que pau-brasil faz parte da identidade primordial dos cidadãos brasileiros há, pelo menos, 500 anos. Ela é uma linda leguminosa que adora ambientes quentes e úmidos, natural da Mata Atlântica desde o estado do Rio de Janeiro até o extremo nordeste. Mas, atualmente, esta espécie tão simbólica é encontrada em todo o território brasileiro e, com certeza, além dele. Em geral, quem a planta deseja prestar uma homenagem à árvore símbolo do país, ou mesmo semear o carinho, cuidado e agradecimento por tantas irmãs que, ao longo da história, executamos. E isto é gravíssimo já que esta espécie está quase extinta na natureza devido aos abusos que sofre. Mas porque esta árvore tem sido tão visada? Lá no início da nossa história, por seu pigmento vermelho, extraído principalmente da madeira e usado para tingimento de tecidos da nobreza. Além disso, ela é a melhor madeira para a confecção dos arcos de violinos, sem falar de outros instrumentos e móveis diversos. Cientificamente, ela é Caesalpinia echinata, da família Fabaceae. E ainda recebe outros nomes populares: Ibirapitanga, pau-pernambuco, pau-de-tinta, orabutã. Entre suas características marcantes, estão: madeira vermelha, tronco e fruto espinhoso; folhas brilhantes, na cor verde-bandeira; flores amarelas vibrantes com miolos vermelhos; semente arredondada e achatada na cor marrom e casca acinzentada e descamante que revela sua cor, seu coração. Encontrar um pau-brasil pelo caminho, saber que ele está lá, é um momento único no tempo. Por isso, reverencie a existência e a presença dessa árvore preciosa. Mostre que se importa, conecte seu coração, a história da sua vida, e agradeça. De tempos em tempos, conduzo pequenos grupos de amigos e familiares, grupos escolares, crianças e grupos corporativos e espontâneos em caminhadas para restabelecer a conexão com a natureza. Trata-se do Passeio Verde, vivência na qual aplico, com maior profundidade, a metodologia de sensibilização que desenvolvi com o Instituto Árvores Vivas. São muitos os roteiros pelos quais conduzo essa vivência: parques e áreas naturais, praças, ruas e bairros arborizados, sítios e áreas de reserva particulares ou públicas. Aqui, em São Paulo, não é difícil encontrar o pau-brasil pelo caminho. E a maioria dos participantes das vivências revela não conhecer a árvore com propriedade. Eu e minha equipe estimulamos a apreciação mais aprofundada, o desenvolvimento de um repertório de percepção que inclui diversos sentidos. Convidamos todos a sentir os falsos espinhos (acúleos), o desenho e a textura das folhas e da casca; o aroma das flores, quando na primavera, e, se tivermos sorte, encontrar suas vagens e sementes. Mas, mais do que tudo isso, convidamos todos a sintonizar com essa espécie de forma mais sutil. Existem indivíduos de pau-brasil antigos, alguns centenários, outros (raríssimos) com dois séculos de vida. Aparentemente, existe uma árvoreno estado da Bahia, com cerca de 500 anos. Mesmo assim, a espécie segue ameaçada de extinção no ambiente natural, segundo dados da Lista Vermelha da IUCN – International Union for Conservation of Nature. Nestes anos de vivência com o pau-brasil, conheci alguns exemplares marcantes e antigos. Um deles, mora no meio da cidade de São Paulo, no bairro da Vila Madalena, onde, sempre que dá, levo os grupos para conhecer. E este sempre é um momento precioso. Mas, independente desse trabalho, a visito com frequência, sozinha ou com minha família e amigos. Sempre agradeço muito sua existência e passo algum tempo admirada e encantada. Para estimular ainda mais estes encontros preciosos, convido você a participar do primeiro mapeamento colaborativo do pau-brasil. Com ele, quero organizar as informações a respeito de todos os indivíduos da espécie existentes no país, que a sociedade pode ajudar a monitorar e cuidar. Será um trabalho contínuo, com o qual todos podem colaborar. Este é o primeiro mapeamento de uma série que serão lançados, sendo um para cada árvore marcante dos nossos caminhos. Quer ser guardião do pau-brasil? É simples e fácil: basta acessar o formulário e preencher os campos com as informações solicitadas sobre cada árvore. Vai ser um prazer enorme contar com você e todas as pessoas comprometidas com a conservação desta espécie tão simbólica para todos nós. Foto: Juliana Gatti

Mapa das Árvores

Desde que comecei a identificar árvores e querer descobrir o “quem é quem” das espécies, gêneros e famílias, comecei intuitivamente a mapear árvores por onde passava. Ainda me lembro quando percebi a necessidade de elaborar um mapa ou formas de mostrar para o maior número de pessoas possíveis, quais árvores estavam ali pertinho delas, que produtos consumimos que vêm de cada um delas, que conexão elas têm com nossa cultura, tradições e história. Tudo isso faria as pessoas entenderem melhor o vínculo estreito que temos com as árvores e com toda natureza, e consequentemente cuidaremos muito mais daquilo que conhecemos. Fazia pequenos mapas a mão, sinalizando minhas novas descobertas, memorizava cada uma das árvores por suas características morfológicas e peculiaridades em relação ao ambiente em que vivem. Teve uma ocasião que conheci a Maria Fernanda, um pessoa muito especial que simplesmente colocou esse sonho de mapear as árvores com o nosso olhar em prática, através de seu projeto de conclusão de curso – Plantando Olhares. Também tive a alegria de certo tempo mais tarde, junto com Luciano Ogura, fazer um belo mapa fotográfico das árvores que habitam o Parque da Luz. Fomos aprimorando e completando este mapa ainda mais com o auxílio de Adriana Sandre e também de todos que trabalham no Parque, em especial o administrador – André Camili, que sempre nos deu muito apoio e atenção. Além destas vivências, convidamos todos os visitantes, amigos e clientes do Árvores Vivas a criar colaborativamente com a página de Fotos e Depoimentos sobre as árvores, criando uma versão de mapeamento vinculada a emoção que cada um têm ao encontrar ou vivenciar uma história com uma árvore em especial. Esses dias recebi por indicação do Matias, um grande amigo da natureza, a divulgação de um trabalho colaborativo de mapeamento das árvores frutíferas em locais públicos de São Paulo, iniciativa de Isaac Kojima. Saiba mais no artigo do blog dele sobre alimentação e alimentos – Onivoro. Você também pode acessar o mapeamento que está sendo feito aos poucos através do Google Maps clicando aqui. Para encerrar os mapas de árvores, nós do Árvores Vivas também estamos alimentando nosso mapa fotográfico de árvores no PANORAMIO, que possibilita referenciar as imagens no Google Maps e Google Earth! Visitem!!!