Nativos e Nativas – conexão com as palmeiras de nosso país

Neste mês de abril, lembramos em muitos dias os valores históricos de nosso país e do nosso planeta 01 – Dia da Abolição da Escravidão dos Índios – 1680 13 . Dia do Hino Nacional -1º Execução do Hino Nacional Brasileiro -1831 15 · Dia da Conservação do Solo 19 · Dia do Índio 21 · Tiradentes 22 · Descobrimento do Brasil 22 . Dia do Planeta Terra 23 · Dia Mundial do Escoteiro Vendo estas datas comemorativas, logo pensei que seria uma ótima oportunidade de escrever não somente sobre a importância das árvores e vegetação nativa, mas também lembrar um pouco das conexões que tivemos e temos hoje com a natureza de nosso país, começando pelos índios que cuidaram dessa vegetação e natureza tão abundante por ser sua casa, seu sustento e seu equilíbrio. Passando pela colonização e seu efeito de diminuir o valor daquilo que aqui existia, até chegar aos dias de hoje, onde cada vez mais nos lembramos da importância de cuidar do pouco que ainda existe. Uma grande amiga comentou comigo alguns dias atrás, que nosso país era chamado pelos índios de PINDORAMA (em tupi-guarani pindó-rama ou pindó-retama, “terra/lugar/região das palmeiras”) – terra de muitas palmeiras. Incrível é constatar, a partir de uma observação paisagística, que atualmente pouquíssimas palmeiras nativas são utilizadas nas composições estéticas de paisagismos urbanos, mesmo o Brasil sendo um país que possuí tão grande diversidade de opções. O mercado, como uma conseqüência de nosso processo de colonização, sempre acabou por valorizar mais as espécies de palmeiras e plantas de outros países e hoje encontramos dificuldade em encontrar espécies nativas no mercado e também sofremos com as palmeiras exóticas invadindo nossas reservas de mata e tirando o espaço de multiplicação das nativas. Como é o caso da palmeira seafórtia (Archontophoenix cunninghamii – originária da Austrália) aqui em São Paulo. Lembrando de algumas outras palmeiras nativas, posso citar: Açaí (Euterpe oleracea) – tem origem do nome na língua indígena – Yasaí, significando fruta que chora – devido ao ‘vinho’ que é feito de seus frutos. Nativa da região amazônica até a Bahia é uma das palmeiras que as pessoas acabam conhecendo mais devido ao seu fruto ser tão saboreado em todo o país. Suas folhas são utilizadas para cobertura de casas, para tecer chapéus, esteiras e cestas. Carnaúba (Copernicia prunifera) – este nome de origem indígena significa: árvore que arranha, devido aos espinhos na base da palmeira. Nativa da região nordeste, é também símbolo do Ceará por sua resistência a longos períodos de seca. As folhas da palmeira carnaúba são revestidas externamente por uma cobertura de cera, que é o principal produto obtido da carnaúba utilizado para encerar e dar brilho. No Nordeste brasileiro, habitações inteiras são construídas com materiais retirados da carnaúba. Juçara (Euterpe edulis) – Palmeira nativa da Mata Atlântica, o palmiteiro se encontra seriamente ameaçado em seu habitat natural devido à grande exploração para retirada do palmito. Atualmente, embora muitas palmeiras possam ser utilizadas para exploração do palmito comestível, apenas duas espécies dominam o mercado: E. edulisE. oleracea (quase 90% da produção brasileira). Os frutos podem ser consumidos in natura ou em sucos (alto teor calórico). Suas folhas são usadas para confecção de cadeiras. É comumente usado para reflorestamento de áreas degradadas. e Buriti (Mauritia flexuosa) – palmeira símbolo do Distrito Federal, dando nome inclusive ao palácio que é a sede administrativa do distrito. Nativa do Amazonas, até São Paulo. Gosta muito de solos alagadiços e suas folhas formam uma copa de linda presença paisagística. Aqui em São Paulo, podemos encontrar um lindo buritizal no Parque da Água Branca, mesmo passando em frente do parque pela Av. Francisco Matarazzo podemos apreciar as linda copas dessas palmeiras. Da polpa de seu fruto, com alto teor de vitamina A e C podem ser preparados muitos alimentos desde geléia até paçoca. Sua amêndoa / semente também é comestível. Da parte interna da sua estipe faz-se farinha e com as fibras das folhas pode se fazer muitos produtos utilitários. Jerivá (Syagrus romanzoffiana) – é uma palmeira muito utilizada em São Paulo para projetos paisagísticos. Antigamente os índios chamavam o rio pinheiros de Jurubatuba, que significa lugar de muitos jerivás. Seus frutos, são pequenos coquinho que quando maduros ficam com cor amarelo-alaranjada, são muito fibrosos e doces, podendo ser saboreados pelo ser humano e outros animais. As palmeiras, como puderam ver, são quase sempre 100% utilizáveis, garantindo muitos benefícios para a vida humana. Por isso neste mês faço um apelo pela vida das palmeiras nativas! Viva! Sempre Forte como a Natureza, como diriam os índios! —————————————- Este artigo é o terceiro artigo da série patrocinada pela M2 Investimentos.

Pedestre Vivo encontra Árvores Vivas (algumas nem tanto) em seu caminho

[vodpod id=Groupvideo.4095089&w=425&h=350&fv=allowingFullScreen%3Dtrue%26channel%3D3458764513857312070%26s%3D1%26inline_rating%3Dtrue%26site%3Dwidget-46.slide.com%26map%3D130100100%26adsense_channel%3D0085258241%26adsense%3DTrue%26adtype%3Dfullscreen] more about “Árvores na Caminhada by Juliana-Árvor…“, posted with vodpod Cerca de duas semanas atrás fiz uma caminhada desde a Av. Brigadeiro Luiz Antônio até o Pacaembu. Levei duas horas para fazer o percurso, lentamente e apreciando cada detalhe das árvores que compunham a paisagem! Foi um belo momento de meditação e criação de um espaço interno agradável e leve ao fim de um dia e trabalho não tão usual! A garoa fina não transformou-se em chuva e ajudou a refrescar! Mas antes mesmo do fim do dia, seu início já foi muito inspirador. O clima instável, dava brecha a poucos mas vibrantes raios de sol que iluminavam e faziam brilhar ainda mais a floração de um flamboyant (Delonix regia) e de uma linda caliandra (Calliandra brevipes), que eu podia observar ao caminhar e chegar ao ponto de ônibus! Lindas visões inspiradoras para o começo de um belo dia! Ao mesmo tempo, no caminho para o ponto, deparei-me com um tronco de uma antiga árvore cortada, que permanece fincado no concreto, ao lado do poste. Uma visão intrigante: não enxergamos ela lá? queremos manter a lembrança da bela árvore que foi? possuímos um desejo inconsciente de que ela volte a viver? E assim parti para meu trabalho, acompanhada do livro “poética das árvores urbanas” de Ivete Farah. Retomando a caminhada ao fim do dia, chegando nas proximidades do MASP, uma grande paineira, que admiro de longa data, tomou conta do meu olhar e acabei produzindo fotos de diversos ângulos dela em composição com a arquitetura local. Desde a esquina, o grandioso e importante Parque Trianon chamava a atenção pela massa verde que respira e nos sustenta na busca por equilíbrio entre o concreto e o verde! Araribás (Centrolobium robustum) e cedros (Cedrella sp) são facilmente identificados por suas copas, compondo os limites do perímetro de transição entre o parque e a avenida. O grandioso pau-ferro (Caesalpinia ferrea), se fez tão pleno e belo que imediatamente prende nosso olhar! Até mesmo o sistema da grande metrópole encontrou formas de conversar com sua presença inegualável… Na sequência, em um dos canteiros que compõe a calçada do novo projeto da Avenida Paulista, uma quaresmeira (Tibouchina granulosa) com dificuldade de se sustentar, achou um importante apoio na estipe de um já forte jerivá (Syagrus romanzoffiana)! O tronco e a estipe se entrelaçavam sem se sufocar, pelo contrário, criaram um apoio sutil e leve, formando um par que dança valsa ao ritmo do pulsar, no fluxo ditado pelos semáforos. Mesmo distante alguns quarteirões, eu já avistava o belo guapuruvu (Schizolobium parayba). Deve ser um sonho observar sua copa em flor da janela de um desses apartamentos! Admirável arquitetura natural tão singular e única, em composição com as linhas retas da obra humana. Antes de chegar na Av Consolação, árvores frutíferas e algumas paineiras crescem no limite do possível na Praça dos Ciclistas. Já na Praça dos Arcos, um jardim bem cuidado e árvores em flor, enfeitaram o lugar! Um pau-formiga (Triplaris americana) carregado de flores rosas e lindas; um jasmim-manga (Plumeria sp) tricolor; as belas folhas de um pau-brasil (Caesalpinia echinata) e saber que a pitangueira (Eugenia uniflora) plantada em homenagem a ciclista Márcia Prado estava crescendo feliz, deram mais motivos para minha alma sorrir! Neste ponto eu ainda estava somente no meio do caminho… Já começava a escurecer e as luzes do Túnel Rebouças deram uma boa foto com os eucaliptos que emolduram essa passagem! Descendo atrás do Estádio do Pacaembu, o que mais me chamou a atenção foi um grande ninho de aranhas que formava uma nuvem branca entre as folhas da copa de um resedá! Já a noite, em uma rua próxima da Av. Pacaembu, duas árvores secas, podadas, cortadas me emocionaram… e buscando a vida ainda em uma delas, encontrei a esperança de que se nós não fizermos nossa parte, a natureza saberá como fazer a dela muito bem! ————————————- Agradeço a todos que através deste texto pude compartilhar um pouco das visões e sentimentos de uma simples caminhada por ruas ainda vivas da nossa cidade! Vejam também algumas fotos das árvores deste e outros passeios no PANORAMIO