O jequitibá-rosa e as futuras gerações

por Juliana Gatti publicado originalmente no portal Conexão Planeta no dia 26 de outubro de 2015 Este ano, aconteceu mais uma edição (a sexta!) do Festival Cultivar, evento que organizo anualmente, no mês de setembro, desde 2010, e tem a missão de desenvolver cultura e sensibilização ambiental, reconectando as pessoas à natureza. Na realização deste projeto, conto com a participação do biólogo Sandro Von Matter (que assina o blog Avoando, aqui no Conexão) e de uma grande equipe de colaboradores. Muitas foram as alegrias ao longo desses dias repletos de atividades, mas quero destacar, aqui, a Expedição Folclórica ao jequitibá-rosa, que encerrou o evento.  Esta árvore imponente é um símbolo importantíssimo do estado de São Paulo e, certamente, do país. Está protegida dentro da pequena reserva do Parque Estadual do Vassununga, na cidade de Santa Rita do Passa Quatro, cerca de 245 km da capital paulista. Seu tamanho é impressionante: ela tem cerca de 40 metros de altura, 11,3 metros de circunferência e 3,9 de diâmetro (na altura do peito). Estas proporções incríveis também são encontradas em um outro exemplar desta espécie que vive no Espírito Santo. Além disso, pesquisadores estimam que esta árvore, em particular, tem idade estimada entre 700 anos e mil anos, por isso é também conhecida como Pé de Gigante e Patriarca das Florestas. O jequitibá-rosa é considerado a maior árvore da Mata Atlântica e está classificada como espécie em risco de vulnerabilidade na Lista Vermelha da IUCN. A reserva, que antes fazia parte da Usina Açucareira Vassununga, completa – exatamente hoje, 26 de outubro – 45 anos desde a publicação do Decreto Estadual que a formaliza como Unidade de Conservação. Composta por seis glebas diferentes na região, a reserva tem a maior concentração de jequitibás-rosa do país e resguarda, ao menos de forma mínima, a fauna e flora que um dia habitavam a região. Sempre falo desse grande jequitibá em quase todas as atividades que conduzo, e vejo que poucos sabem de sua existência. E, quando sabem, ainda não a conhecem pessoalmente. Em Santa Rita, descobrimos que a maioria dos moradores da cidade não tem o hábito de visitá-la e, muitas vezes, mesmo vivendo a vida inteira ali, não conhecia a reserva. Isso me remete ao processo de conhecimento e pertencimento sobre o qual já escrevi aqui no blog. Como vamos cuidar de algo se não nos sentimos vinculados a ele? Por isso, essa expedição foi tão forte e necessária. Recebemos turmas de alunos de escolas da cidade, crianças atendidas por uma creche e, também, um grupo de idosos. Unimos o passeio à tradicional trilha que acontece ao longo do trajeto, conduzida por duas artistas: Juliana Bazanelli e Aila Rodrigues. Trata-se de uma apresentação interativa na qual elas representam personagens do folclore brasileiro. Por meio dessa performance, elas despertam os sentidos de todos os participantes para a rica diversidade da fauna e flora, estimulando contatos e observações criativas, junto com a construção de memórias que vão certamente perdurar para toda a vida, inclusive em histórias que todos os presentes irão compartilhar com filhos, netos e familiares. O jequitibá-rosa – ou Cariniana legalis – é da família botânica Lecythidaceae, que engloba também outras árvores muito conhecidas como a castanheira-do-pará, a sapucaia, a biriba, o abricó-de-macaco e o jequitibá-branco. São cerca de 300 espécies distribuídas em todo o mundo, sendo que pouco mais de 1/3, que pertencem a dez gêneros, são nativas do Brasil, encontradas principalmente na Amazônia, na Mata Atlântica, na Caatinga e no Cerrado. Suas flores são incríveis e os frutos têm formato de copos ou cumbucas que fazem nosso imaginário borbulhar de tão diferentes que são. Fortes e pesados por serem lenhosos, os frutos do jequitibá lembram um pequeno copo com uma espécie de tampa, que se desprende quando maduro. Dizem que o saci e muitos índios faziam seus cachimbos utilizando esse fruto, por isso o outro nome popular da árvore é cachimbeiro. Quando apresento a mesa de elementos das árvores com frutos e sementes de algumas dessas espécies – e também  quando montamos a Exposição da Biodiversidade na Cultura Brasileira, sobre a qual contarei em outro texto -, estas estão entre as espécies mais chamativas, que promovem maior interação com o público. As crianças simplesmente adoram, querem sentir os frutos de diversas maneiras, escutando os sons que podem tirar deles e brincando com as castanhas, que também são um alimento muito rico. Os vínculos e valores que podemos desenvolver ao nos relacionar com as árvores e a natureza é algo precioso, por isso deveriam se tornar cada vez mais constantes e parte da vida de todos os brasileiros. Se aprendemos a respeitar e a valorizar a vida de uma árvore que acompanhará nossa vida e a das futuras gerações, aprendemos a cuidar e a nos relacionar de uma maneira mais amorosa com todo o mundo que nos cerca. Na semana passada, em uma ação do Instituto Árvores Vivas, conduzi junto com monitores e diversas crianças de São Miguel Paulista – um distrito da região leste de São Paulo – o plantio de 11 árvores, incluindo um jequitibá. Foi durante uma ação promovida pela Fundação Tide Setúbal no Parque Jacuí. O amor e o carinho que as crianças demonstraram ao realizar esse plantio, certamente ficou plantado em seus corações. Que as sementes desse amor se multipliquem! Agora, veja (abaixo) a majestade do jequitibá-rosa! A foto é a mesma que abre este post; a tirei no dia da expedição que realizamos com a turma de idosos. Todos os anos, visito esta árvore ao menos duas vezes. Perto dela sinto acolhimento, colo, casa. É muito parecido com o sentimento que a “grande mãe” samaúma da Amazônia provoca em mim. Grandioso e tão especial, este jequitibá-rosa viu tudo modificar-se à sua volta. Viu a estrada ser construída e muitas das suas irmãs, mães e parentes nascerem, crescerem e morrerem. Quantas aves já fizeram seus ninhos nela? Quantos mamíferos se aconchegaram lá para dormir? Qual a diversidade de plantas que vive na copa deste grande jequitibá? A presença dela pede silêncio, agradecimento profundo, contemplação meditativa. Espero que você possa visitá-lo logo mais. Fotos: Juliana Gatti

Encontrando o Baobá

Assim como na passagem do ano de 2009 para 2010 fiquei sensibilizada com a presença de uma amoreira; na passagem desta década (2010-2011), a árvore do momento é o BAOBÁ. Os acontecimentos em torno desta árvore foram simplesmente chegando como os mais belos presentes de Natal da minha vida. A muito tempo, desde o começo do Árvores Vivas, sempre que podia mencionar árvores cuirosas e famosas nas atividades, lembrava do baobá fazendo referência ao famoso Pequeno Príncipe. No final de 2010 conheci uma pessoa muito especial, que dotada de grande sensibilidade e idéias de vida muito simples, mencionava em todas nossas conversas o Pequeno Príncipe como inspiração, tão forte esta conexão, que dela ganhei de presente o próprio livro, que guardo, leio e releio com muito carinho. Coincidência ou não, uma das minhas grandes amigas, Chantal, que me conhece desde o momento em que o Árvores Vivas nasceu, quis compartilhar um presente muito especial que recebeu de seu pai, o fruto de um BAOBÁ! No dia em que eu o peguei, a sensação de maternidade e cuidado com o fruto, inteiro e ainda fechado, foi imediata. Levei ele comigo para uma cidade no interior, para abri-lo no último dia do ano. Foi um momento muito especial, onde cada segundo revelava uma surpresa e descoberta, como as fotos abaixo revelam! Sua estrutura quando aberta me trouxe muitos insights, principalmente o de um senso de nutrição incrível. Todas as suas sementes protegidas por um pó parecido com uma “espuma”  semi-rígida – semelhante ao do jatobá, estão conectadas com o galho da árvore, por onde flui a seiva, através de sensíveis conexões que lembram veias do nosso pulmão. Conhecendo um pouco mais sobre o próprio baobá, podemos descobrir muitas coisas novas: Sendo um baobá africano, sua espécie mais provável é a Adansonia digitada da família botânica das Malvaceas, por isso parente das paineiras e samaúma brasileiras; Outros nomes populares do baobá são: imbondeiro (Angola, Moçambique, Madagascar e Namíbia), árvore-do-rato-morto (devido à forma como os frutos aparecem), árvore-do-macaco-pão (o fruto faz lembrar a pele do macaco e quando seco faz lembrar farinha de pão), árvore-de-cabeça-para-baixo (os ramos esparsos assemelham-se a raízes) e árvore-de-creme-tártaro, em francês, é conhecida como arbre de mille ans (árvore-dos-mil-anos) em suaíli como Mbuyu, Mkuu hapingwa, Mkuu hafungwa e Muuyu, no entanto em toda a África é conhecida como árvore-da-vida! O fruto do baobá realmente é especial: conhecido na Angola por mukua ou máqua sua polpa seca e comestível, desfaz-se facilmente na boca e o seu sabor é agridoce, sendo rica em vitaminas e minerais. Pode ser tomada como uma bebida fresca quando dissolvida em água; a polpa também é utilizada para a alimentação, em tempos de escassez de comida; possui duas vezes mais cálcio que o leite e é rica em anti-oxidantes, ferro e potássio, e tem 6 vezes mais vitamina C do que uma laranja. Quando lembramos do baobá, logo pensamos no Pequeno Príncipe. Mais interessante ainda, para nós brasileiros, é pensar que Antoine de Saint- Exupéry insiprou-se conhecendo pessoalmente os baobás no Nordeste. Veja fotos de baobás em Recife e em Natal. Em abril de 2009 seu sobrinho, François d’Agay e plantou um baobá em Itu – fotos do plantio aqui!

Ano Novo, Marca Nova e muito mais!!

A nova década se inicia. Despertam-se novas metas e planos a se concretizarem. Renovam-se as expectativas e ampliam-se os desejos de dar continuidade ao que foi feito em 2010, pensando sempre em manter o foco na sustentabilidade de nossas ações em 2011. Alegria, educação e integração, são alguns dos valores que pretendemos cultivar e semear entre as pessoas que nos cercam. E, pouco a pouco, com a realização de nossas atividades, sonhamos incentivar que a população enxergue a importância de cultivar e valorizar o meio ambiente, até mesmo para sua própria existência na Terra. Nossa árvore está saudável e bonita, vamos continuar a nutri-la para que sua missão e essência possam ser semeadas também por cada um de vocês!Temos muita alegria neste começo de ano, apresentar oficialmente nossa nova marca. Foi desenvolvido um trabalho de re-design buscando modernizá-la sem perder a alegria e integração entre seus elementos. Buscamos enfatizar na copa da árvore as cores fortes da natureza, e ao mesmo tempo, configurar a junção entre as áreas que atuamos e desejamos compartilhar com vocês. Os galhos lembram uma mão, simbolizando a união contínua entre todas as pessoas alinhadas com nossos objetivos de conscientização ambiental. E por fim, é preciso de uma raíz bem desenvolvida que sustente nossas intenções, projetos e ações atuais e conecte-se a novas aspirações para o futuro. Assim, começamos nossas atividades de 2011 em ritmo acelerado, a fim de propiciar a vocês novas experiências e compartilhar novos conhecimentos. Muito em breve nosso novo site estará no ar, assim como uma loja virtual que facilitará o contato com nossos clientes. Abaixo, algumas atividades especialmente elaboradas e  já agendadas para o primeiro semestre desse ano: JANEIRO DIA 22 – PASSEIO VERDE – 17h. Local: SESC Belenzinho Mais informações em: http://catracalivre.folha.uol.com.br/2011/01/passeio-verde-no-sesc-belenzinho/ DIA 30 – 21º PEDAL VERDE – RETORNA SUAS ATIVIDADES Mais informações em: http://pedalverde.wordpress.com/ FEVEREIRO DIA 12 – HUB ESCOLA DE VERÃO – PASSEIO VERDE NO PARQUE DA LUZ Mais informações em: http://hubescola.com.br/xn/detail/5113529:Event:10468?xg_source=activity MARÇO DIA 06 – 2.o PIC NIC DE TROCA DE SEMENTES E MUDAS DAS ESTAÇÕES  – VERÃO AGUARDE: mais informações muito em breve neste blog CASA ABERTA: ÁRVORES VIVAS. VISITAÇÕES E AGENDA REPLETA DE ATIVIDADES. AGUARDE: Dias e horários serão divulgados no começo de março.

Os Benefícios das Árvores I

Cada árvore é um ser para ser em nós Para ver uma árvore não basta vê-la a árvore é uma lenta reve­rên­cia uma pre­sença remi­nis­cente uma habi­ta­ção per­dida e encon­trada À som­bra de uma árvore o tempo já não é o tempo mas a magia de um ins­tante que começa sem fim a árvore apazigua-nos com a sua atmos­fera de folhas e de som­bras inte­ri­o­res nós habi­ta­mos a árvore com a nossa res­pi­ra­ção com a da árvore com a árvore nós par­ti­lha­mos o mundo com os deuses —Antó­nio Ramos Rosa (poesia encontrada no blog da Associação Árvores de Portugal e publicada por Maria Sousa em 9 de janeiro de 2010) Nossas vivências e experiências contam muito sobre a percepção de como a existência de árvores é positiva para a humanidade. Antes mesmo das formas de benefício comprovadas cientificamente, uma árvore por si só, mesmo isolada, chama a atenção de nosso olhar e parece-nos confortar com seu porte e presença. Desde uma semente, elas sabem o que devem ser em sua plenitude… São seres sensíveis que seguem seu desenvolvimento, dando tempo ao tempo, deixando que o ambiente mostre seus padrões… que o calor estimule o crescimento, que a umidade alimente seus corpos, que o tipo de solo ensine o melhor caminho para suas raízes. Aprofundando no solo, as raízes permitem que os ramos da copa encontrem base e confiança suficiente para esticarem-se e engrossarem na busca por uma arquitetura que é completamente adaptada ao ambiente que se fixou.       As árvores e a natureza são fonte inesgotável de inspiração e estímulos, evoluindo constantemente na busca por um modelo de funcionamento e existência equilibrado, adaptável e sustentável. Desde os primórdios, as pessoas buscam referência e ensinamentos a partir de todas essas soluções naturais que se constituíram através de uma inteligência primordial. Podemos nos presentear permitindo sentir e admirar essa riqueza…   O formato único das folhas – miúdas, grandiosas, pontudas, arredondadas, leves ou pesadas A textura que estimula o toque – lisa, pilosa, áspera, com nervuras bem marcadas, sensação de ser emborrachada ou até mesmo suave como uma pluma A incrível variedade de tonalidades verdes – brilhante ou opaca, um verde em cada face, aquelas que já caíram, outras mutantes que amarelam, avermelham ou ficam esbranquiçadas antes de se desprender Esta riqueza é infinita e através do contato sensível, podemos abrir espaços em nossa mente e espírito que levam ao bem estar. Antes de qualquer outro benefício, a nossa vida está completamente interligada e é dependente da existência e manutenção da natureza. Mais recentemente, cerca de 2 anos atrás, uma matéria no suplemento Equilíbrio da Folha de S. Paulo (23 de outubro de 2008), contava sobre uma pesquisa científica desenvolvida para avaliar o impacto positivo que a presença de uma única árvore poderia causar no conforto térmico das pessoas. Foram feitos levantamentos com 4 espécies de árvores diferentes: mangueira, jambolão, jacarandá e ipê. Observando-se também seus estados diferentes em cada estação (com folhas, flores ou menos folhas), e comprovou-se que mesmo a 50 metros de distância destas árvores isoladas, as pessoas se beneficiavam do conforto térmico promovido através da transpiração. As árvores são como fábricas inteiras e auto-sustentáveis, realizam o processamento de matérias-primas no desenvolvimento de seu próprio alimento. Promovem a reciclagem do ar e do solo através de suas folhas, devolvendo oxigênio, água e composto orgânico. Além de armazenarem o alimento para crescer, e um dia no futuro ser o seu banco, mesa, porta, piso, cama, lápis…. Para encerrar esse primeiro artigo, uma lembrança especial da tribo indígena Ticuna, que têm como morada a floresta amazônica: “A floresta é a coberta da terra. Uma árvore é diferente da outra. E cada árvore tem sua iimportância, seu valor. Essa variedade é que faz a floresta tão rica.” – trecho do Livro das Árvores. Com essa mensagem final, ficamos com a dica de que na diversidade seremos sempre mais equilibrados! —————————– Este é o primeiro artigo do ano apoiado pela M2 Investimentos, que firmou parceria com o Árvores Vivas em 2010 buscando criar novas maneiras de aproximar as pessoas da natureza, principalmente através das árvores!! Para fortalecer ainda mais esta iniciativa, a Neomarkets desenvolveu especialmente o Hot Site da nossa parceria, que tem dicas de plantio da mini-romã, como germinar sementes de peroba e abre um canal exclusivo de depoimentos da experiência de cada um com árvores que marcaram momentos especiais da vida!

Primeira Árvore do Ano – AMOREIRA

Passei meus primeiros momentos do ano muito próxima de uma amoreira. Ela estava tão bonita que não pude deixar de admirá-la! Logo quando acordei hoje, veio uma vontade enorme de escrever sobre amoreiras e logo fui pesquisar informações nos meus livros. Lembro da minha infância quando passava horas incontáveis comendo as pequeninas frutinhas saborosas sob os três pés de amora que existiam no sítio do meu avô, quase sempre descalça. Tingia meus pés, boca e mãos, de roxo e vermelho como se fosse sangue… Morria de rir, brincando com a família ameaçando sujar a roupa com as mãos tingidas… Tenho ainda uma foto bem novinha, com cerca de 3 anos, que estou com minha melhor amiguinha – Paula – as duas com botas de galocha sentadas no chão da varanda, com as bocas, pés e mãos todos roxos de tanto comer amoras… Vou tentar achar essa foto e colocar aqui depois! A amoreira (Morus sp.) é uma árvore muito especial, da família botânica Moraceae – a mesma do gênero Ficus – possui inúmeras propriedades terapêuticas relacionadas ao consumo de suas folhas e frutas, alguns deles: anti-inflamatória, anti-oxidante, calmante, cicatrizante, diurética, expectorante, hipoglicêmica, laxante e revigorante. O nome Morus, do latim mora, quer dizer “demora” – possivelmente por sua brotação tardia, somente após o fim do inverno em países de clima frio. Eu pessoalmente, gosto de pensar no nome amora relacionado ao amor, especialmente na noite de ano novo, inspirando amor a todos nós que estávamos diante dela à meia-noite! Árvores resistentes, germinam e crescem espontâneamente por ter suas sementes dispersas pelo vento e por pássaros. Também podem ser enraizadas a partir de estacas. É originária da China, pode atingir até 10m de altura, e as duas espécies mais conhecidas são a Morus nigra (amora-preta) e a Morus alba (amora-branca). Na maioria das vezes são árvores dióicas, produzindo flores de sexo masculino e feminino separados. Há também a amora vermelha (Morus rubra). É facilmente encontrada também nas ruas da cidade de São Paulo, e possivelmente em muitas cidades de todo o mundo. Na época de frutificação é muito comum encontrar pessoas saboreando seus doces frutos na rua… linda imagem!!! A cultura do bicho-da-seda está diretamente relacionada a existência e disponibilidade de amoreiras – especialmente a variedade branca, pois são dos brotos de suas folhas que eles se alimentam. Os romanos acreditavam que a seda era um produto das folhas das amoreiras, pois não entendiam o que fazia o bicho-da-seda. Muito tempo depois de sua cultura ser introduzida em Constantinopla, o rei James I da Inglaterra queria que o país se tornasse independente na produção de seda e, erroneamente, plantou muitas mudas de amoreira-negra, inclusive nos terrenos onde hoje é o Palácio de Buckinghan, antes chamado Mulberry Garden. Em outros idiomas amoreira escreve-se: Alemão – maulbeerbaum Espanhol – moral Francês – murier Inglês – mulberry tree Italiano – gelso As amoras eram muito apreciadas em Chipre e no Egito. Também nas festas romanas dedicadas a Minerva (deusa romana equivalente a Atena – deusa grega). A árvore está ligada a mitologia dos jovens Píramo e Tisbe, pois a cor dos frutos é relacionada com o sangue dos jovens apaixonados. As famílias inimigas não aprovavam a união, um dia decidiram fugir e marcaram o encontro sob uma amoreira. Tisbe chega primeiro ao local e encontra uma leoa com a boca ensaguentada da caça recente, com medo foge e perde seu véu que é rasgado pela leoa. Quando Píramo chega e vê o véu manchado e dilacerado, crê que sua amada morreu e atravessa seu peito com a espada. Tisbe então volta e vendo seu amor morto também se mata com a mesma espada. O sangue jorrado pela morte tinge os frutos de amora brancos, que depois deste acontecido passam a ser vermelhos. Ah, só para confirmar melhor, existem diversas outras espécies que recebem o nome popular de amora. Uma das mais citadas, diferente da Morus sp. seria a Rubus sp. que é da família das framboesas e cultivada comercialmente para a produção do fruto.

Mapa das Árvores

Desde que comecei a identificar árvores e querer descobrir o “quem é quem” das espécies, gêneros e famílias, comecei intuitivamente a mapear árvores por onde passava. Ainda me lembro quando percebi a necessidade de elaborar um mapa ou formas de mostrar para o maior número de pessoas possíveis, quais árvores estavam ali pertinho delas, que produtos consumimos que vêm de cada um delas, que conexão elas têm com nossa cultura, tradições e história. Tudo isso faria as pessoas entenderem melhor o vínculo estreito que temos com as árvores e com toda natureza, e consequentemente cuidaremos muito mais daquilo que conhecemos. Fazia pequenos mapas a mão, sinalizando minhas novas descobertas, memorizava cada uma das árvores por suas características morfológicas e peculiaridades em relação ao ambiente em que vivem. Teve uma ocasião que conheci a Maria Fernanda, um pessoa muito especial que simplesmente colocou esse sonho de mapear as árvores com o nosso olhar em prática, através de seu projeto de conclusão de curso – Plantando Olhares. Também tive a alegria de certo tempo mais tarde, junto com Luciano Ogura, fazer um belo mapa fotográfico das árvores que habitam o Parque da Luz. Fomos aprimorando e completando este mapa ainda mais com o auxílio de Adriana Sandre e também de todos que trabalham no Parque, em especial o administrador – André Camili, que sempre nos deu muito apoio e atenção. Além destas vivências, convidamos todos os visitantes, amigos e clientes do Árvores Vivas a criar colaborativamente com a página de Fotos e Depoimentos sobre as árvores, criando uma versão de mapeamento vinculada a emoção que cada um têm ao encontrar ou vivenciar uma história com uma árvore em especial. Esses dias recebi por indicação do Matias, um grande amigo da natureza, a divulgação de um trabalho colaborativo de mapeamento das árvores frutíferas em locais públicos de São Paulo, iniciativa de Isaac Kojima. Saiba mais no artigo do blog dele sobre alimentação e alimentos – Onivoro. Você também pode acessar o mapeamento que está sendo feito aos poucos através do Google Maps clicando aqui. Para encerrar os mapas de árvores, nós do Árvores Vivas também estamos alimentando nosso mapa fotográfico de árvores no PANORAMIO, que possibilita referenciar as imagens no Google Maps e Google Earth! Visitem!!!

Nossas Árvores o Resgate do Sagrado – Curso em São Paulo

Curso com Sandra Siciliano É fato comprovado que as plantas são capazes de estabelecer sintonia com os ambientes e corresponder-lhes vibratoriamente. Quando sacralizamos um espaço com a simbologia das plantas e seus atributos curativos, as energias harmônicas se expandem com facilidade. Neste curso entraremos em contato com a energia das árvores, serão relatadas algumas lendas e ritos sobre nossos caboclos, negros e índios, enquanto serão projetadas imagens de  nossas árvores sagradas. Curso dia 25 de outubro das 9:30 às 17:30 horas Local: Dragon Energy Center – Rua Princesa Isabel 1524 – Campo Belo- SP Telefone para inscrição : 011-50420224

Figueira Centenária em Santo André

Indicação do amigo e colaborador do Árvores Vivas, Eduardo Yamamoto, a matéria com histórias da Figueira Centenária de Santo André, que fica no Parque Celso Daniel, nos mostra muitos aspectos importantes sobre as árvores e como as pessoas sentem o valor delas! Vale a pena conferir a matéria de Patricia Falcoski. Muito Grata pela indicação Edu! Quem tiver fotos e visitou o lugar, por favor compartilhem imagens e comentários!

S.O. S. Ipê amarelo

A leitora do blog, Rita Takahashi, brasileira que atualmente está residindo no Japão nos enviou um pedido de ajuda. Rita tem uma casa no Taboão da Serra em São Paulo e na frente dela existe um lindo Ipê Amarelo. Nesta época do ano, os ipês amarelos estão perdendo todas as suas folhas para se encherem de flores lindas, que parecem pequenos trompetes. O ipê-amarelo além de ser uma das árvores símbolo do Brasil, pois sua floração acontece normalmente no mês da independência do país – Setembro, também anuncia o despertar da vida com a aproximação da Primavera. Além disso, outro dia descobri que as flores do ipê são comestíveis ao ler no livro de Gil Felippe “Entre o Jardim e a Horta: as flores que vão para a mesa”. Toda árvore é viva assim como nós humanos. Por isso mesmo, nós humanos com a consciência e sabedoria que julgamos ter das coisas, devemos respeitar todas as formas de vida e o tempo delas, assim como desejamos que respeitem a nossa própria! Uma árvore nos dá frutos e flores para comer, filtra nossas águas com suas raízes, transforma nosso ar, cede madeira e substâncias para nossas casas e medicamentos, embeleza nossos olhares com a arquitetura de suas formas, é moradia para milhares de outros seres em sua copa, troncos e raízes… Sabendo de tudo isso, reforço aqui o e-mail que recebi da Rita, buscando divulgar uma situação que se repete muitas vezes todos os dias no mundo todo: “SOS! Resido atualmente no Japão, no Brasil resido no município de TABOÃO DA SERRA SP e tenho em frente ao meu imóvel plantado um ipê amarelo e estou sendo ameaçado pelos vizinhos de ter minha arvore que tanto gosto de ser arrancada, pois está ameaçando cair sob as construções sendo que o motivo é outro, a pobre árvore nesta época deixa cair todas as suas folhas sujando toda a rua causando a ira da vizinhança que bem se prevalecem da beleza e exuberância das suas flores após a queda de suas folhas. Portanto, solicito ajuda para a conscientização destes meus vizinhos da necessidade da permanência desta árvore e de todas as outras visto que á distancia não posso protegê-la pessoalmente” Só cuidamos e preservamos aquilo que conhecemos, por isso atendo este chamado que a Rita fez ao Árvores Vivas, buscando aproveitar seu exemplo para orientar as pessoas e despertar um olhar que talvez alguns ainda não tenham. A árvore está perdendo folhas, pois é tempo dela se transformar… Vamos respeitar o tempo da natureza! As folhas no chão podem ser um motivo para encantamento e descobertas ou um motivo para querer controlar e mudar aquilo que nos incomoda por razões incompreensíveis. Quão suja é a visão de folhas na calçada? Quanto essas folhas no chão realmente incomodam? Por que incomodam? Será que podemos nos harmonizar mais com a vida em nossa volta? O homem não é tão natural quanto toda a natureza? A natureza viveu milhões de anos sem o homem, mas o homem nunca viveu um dia sem a natureza. Moradores de Taboão que tiverem conhecimento desse caso, ou outras pessoas que estejam passando por situação semelhante deixem seus comentários neste post. Vamos nos ajudar, divulgando e contribuindo como pudermos. Antes de encerrar, gostaria também de acrescentar que algumas árvores podem realmente estar em processo de envelhecimento dependendo das condições de crescimento ou até mesmo por motivos de doença. Da mesma forma que nós, tudo que é vivo nasce e um dia morre. De qualquer maneira, para saber da condição real da árvore é necessário solicitar a análise de um engenheiro agrônomo ou biólogo especializado, que fará testes e dará um parecer correto das condições de saúde do indivíduo.