Designer cria turismo de árvores em São Paulo
Pode-se dizer que são turistas. E dos mais diferentes: visitam árvores da cidade como se fossem obras de arte. E à frente desses grupos de exploradores urbanos está a paulistana Juliana Gatti Pereira, de 29 anos. Organizadora e idealizadora do que chama de passeio verde, ela mostra durante o roteiro detalhes nas árvores que passam despercebidos para a maioria das pessoas. Um exemplo é o fruto da chichá, árvore encontrada em Perdizes, que tem formato de coração. São informações como essa e não apenas técnicas que ela ensina sobre as espécies durante os roteiros turísticos.
Designer, formada pela Belas Artes, Juliana começou a prestar mais atenção nas árvores há quatro anos. “Alguma coisa”, como ela mesma diz, reacendeu dentro dela trazendo de volta as lembranças das férias escolares em meio a árvores, na casa dos avós em Tietê, interior de São Paulo.
Com o olhar de designer, conseguia identificar nas árvores paulistanas nuances únicas em cada uma das espécies que encontrava pelo caminho. “Eu conseguia perceber a arquitetura das copas e o desenho das folhas.”
Juliana foi estudar Botânica na USP. Fez curso de paisagismo, jardinagem e saiu em busca delas pelas ruas. O resultado é que acabou identificando muitas árvores. Se você quiser saber onde tem ipês, é só perguntar. “Os mais belos, você vai encontrar nos cemitérios.” O amor pelas árvores acabou provocando uma mudança na sua vida profissional. Ela abriu uma empresa sustentável, a Árvores Vivas. Foi a transformação da paixão em negócio. Entre os produtos ecológicos que oferece, estão os passeios verdes. Os grupos são heterogêneos. Num dos roteiros, as crianças fazem broche de folhas que colam na roupa para conhecer a diferença entre manacá e quaresmeira. “Estimulo o contato físico.”
O que ela gostaria para a cidade? “Despertar nos paulistanos a sensibilidade para as árvores.” Para ela, a percepção das espécies que estão no caminho de cada um no dia a dia pode ser uma “meditação no caos de São Paulo”. As árvores, segundo ela, ensinam sobre o tempo. Não o do relógio, mas o tempo das coisas na vida. Afinal, elas se modificam seguindo as mudanças das estações, filosofa Juliana, que organiza em setembro a 1ª semana cultural das árvores, no Parque da Luz.
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