Recebemos recentemente da Arquiteta Sidnéa de Souza Silva, a Moção de Protesto e Repúdio escrita pelo Grupo de Trabalho pelo Patrimônio Histórico do IAB (Instituto de Arquitetos do Brasil) São Paulo. Abaixo copiamos o texto na integra.

Convidamos todos nossos visitantes a visitarem a página do IAB e colocarem seus nomes no abaixo assinado. Todos podemos assinar, sendo arquitetos ou não, somente com o número do RG!!!

É lamentável que o projeto de criação de mais uma faixa na marginal tenha sido aprovado! Conheçam mais sobre o projeto acessando a página da Prefeitura de São Paulo. E também notícias a respeito da aprovação do projeto pela Secretaria do Verde.

Abaixo o texto na íntegra:

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Prezados(a) Colegas,

O Instituto de Arquitetos do Brasil – Departamenot de São Paulo apoia e encaminha a todos para conhecimento a *Moção de Protesto e Repúdio*, elaborada pelo seu Grupo de Trabalho Patrimônio Histórico.

Arq. *Rosana Ferrari*
Presidente

*MOÇÃO DE PROTESTO E REPÚDIO*

Nós, arquitetos membros do Grupo de Patrimônio do IAB-SP – INSTITUTO DE ARQUITETOS DO BRASIL – SÃO PAULO, achamo-nos no dever profissional e cidadão de redigir este documento público, através do qual manifestamos nossa total perplexidade e repúdio ao projeto de ampliação das pistas da via Marginal do rio Tietê ao longo de 15 quilômetros a partir do anel viário conhecido como “Cebolão”, e igual ou maior repúdio à construção de duas alças de acesso para fazer a ligação entre a via expressa (Marginal do Tietê) e duas avenidas locais (Avenida Tiradentes e Avenida Cruzeiro do Sul).

Em total contradição com o projeto do Rodoanel que corretamente objetiva desafogar o tráfego veicular da área urbana do município –, a ampliação do número de faixas de rolamento das Marginais do Tietê constitui-se num indutor à circulação de veículos naquela área central da cidade, negando todo o embasamento conceitual de tráfego que guiou os estudos de implantação do Rodoanel.

O projeto pretendido zomba, também, do massivo investimento que foi feito, pelo Governo do Estado, na recuperação dos taludes do rio Tietê através da implantação de rico projeto paisagístico que incluiu o plantio de árvores que serão totalmente suprimidas, assim como a área permeável dos taludes e faixa ciliar do rio, para dar lugar a pistas de rolamento.

Nas grandes metrópoles do mundo – veja-se o recente exemplo da cidade de Seul, Coréia, visitada pelo Prefeito de São Paulo no mês de maio –, os rios vêm merecendo tratamento oposto: projetos que abordam os rios como marcos hidrográficos do território urbano, e que se apropriam desses marcos como elementos de qualificação da paisagem urbana, inibindo a sua conexão com o automóvel, incentivando a sua conexão com o pedestre e com a vegetação urbana.

As duas alças viárias pretendidas constituem-se em equívoco maior, por diversas razões urbanísticas.

Primeiro equívoco: o projeto baseia-se numa premissa estreita, reduzindo a questão à solução de um problema de tráfego veicular, qual seja: eliminar pontos de estrangulamento de tráfego. Ora, desafoga-se aqui, empurrando para adiante o ponto de estrangulamento – pois a quantidade de veículos circulando não diminui com essa providência. Isto é racional?

Segundo equívoco: Para “empurrar” para outro local o ponto de estrangulamento, vale o custo de rasgar e poluir a paisagem com viadutos? Note-se um dado importante: todas as pontes urbanas que cruzam o rio Tietê ligam vias locais e, como tal, têm seu traçado bastante ortogonal e perpendicular ao rio. As duas alças pretendidas têm, ao contrário, traçado em curva, denunciando sua mera função rodoviarista, incompatível com o caráter urbano das pontes existentes.

Terceiro equívoco: o projeto das duas alças carece de um mínimo de sensibilidade e de compreensão do caráter da paisagem urbana paulistana daquele trecho da cidade, pois se intromete nas visadas do conjunto da Ponte das Bandeiras, a mais bonita e bem composta, do ponto de vista arquitetônico, das pontes que atravessam todos os rios da cidade de São Paulo.

A Ponte das Bandeiras carrega alto valor simbólico, pois está implantada no exato local onde no passado existiu a antiga Ponte Grande, a primeira que transpôs o rio mais paulistano da cidade. O comprometimento da visão do conjunto da Ponte das Bandeiras (ponte-tabuleiro, cabeceiras, torres) será deletério, definitivo e irreversível, caso vingue a construção das inadequadas alças rodoviárias sobre o rio.

Por prever os prejuízos urbanísticos da realização da ampliação das Marginais do Tietê, e principalmente os prejuízos paisagísticos decorrentes de uma eventual construção das duas alças viárias, somos impelidos a solicitar a todos os atores e instâncias responsáveis pela viabilização desse equivocado empreendimento rodoviarista que avaliem cautelosamente o projeto, e decidam pelo bem da preservação da história, da memória e do decoro urbanístico.

*Autor da Moção: Arq. Vasco de Mello*

*Grupo de Trabalho Patrimônio Histórico do IAB-SP*
*Instituto de Arquitetos do Brasil – Departamento de São Paulo*
Rua Bento Freitas, 306 | 4º andar | Vl. Buarque | 01220-000 | SP
Fone/Fax: (11) 3259-6866 | 3259-6597

e-mail: iabsp@iabsp.org.br

site: www.iabsp.org.br

Resposta de 0

  1. proposta do projeto: lamentável, equivocada, procedente de quem não conhece a cidade – ou não se importa com o futuro da mesma bem como com a qualidade de vida de seus habitantes- sinceramente, chega a ser patético.

    1. A Prefeitura de São Paulo se transformou em “casa da mãe Joana”, onde seres sem qualquer formação ou escrúpulo, satisfazem seus egos e desejos através de “obras” e atitudes que não condizem com o bem estar da população. Se sentem donos da Prefeitura, atuando conforme lhes convém. É, como diz Bóris Casói, uma VERGONHA!

  2. Meu Deus, viva!!!
    Enfim vozes importantes contra projeto tão equivocado. Vi hoje que várias daquelas lindas e antigas árvores foram cortadas, uma cena triste.
    Faço coro ao protesto!

    1. Olá Maria Celeste,
      Relamente é de doer o coração ver a remoção de árvores adultas e grandiosas que cumpriam seu papel de proteger os milhões de motoristas parados no congestionamento do sol forte, de dar casa para a avifauna existente em nossa cidade, de nos dar melhores condições de clima…

      Vamos nos mobilizar, vamos agir! Somos nós que decidimos para onde vai nosso dinheiro!!! Divulgue a moção para seus contatos… Vamos fazer um coro muito alto!!! BASTA!!!

  3. Essa obra é um ABSURDO!!!!!!!!

    Se juntarmos todos os canteiros que estão sendo trocados por pistas para automóveis e todas as árvores que estão sendo retiradas, estaríamos falando em destruir um imenso parque em São Paulo, que quase não possui áreas verdes.

    Vamos impermeabilizar ainda mais a várzea do Rio Tietê, quando deveríamos criar ainda mais áreas verdes em seu entorno.

    A ampliação das pistas significará mais carros passando por dentro de S. Paulo, mais poluição, mais enchentes, menos verde, enfim, uma cidade mais feia e poluída.

    Vamos atrair mais trânsito, tirar lugar de pedestres para colocar veículos e distanciar ainda mais o dia em que os paulistanos teriam um Rio Tietê recuperado, limpo, cercado de áreas verdes.

    1. Olá Maurício,

      Realmente, do que adianta essa obra… Diminuir em 30 minutos ou 1 hora o tempo de viagem de quem pega congestionamento??? Por quanto tempo??? Esse projeto é um retrocesso de 40 anos, vai completamente contra toda necessidade latente dessa cidade, cade o transporte público??? Cadê mais linhas de metrô e trem??? Cade moradia, escolas, postos de saúde??? Onde está a visão de planejamento para o futuro sustentável da cidade? Será que os governantes e a maioria da população não consegue perceber que deveríamos estar caminhando com projetos que revistalizam as marginais? Que devolvem a vida e convivênca da população para os rios? Que os nossos rios são fonte de vida e devemos preservá-los ao máximo? Não há país no mundo que hoje pense em impermeabilizar as margens de rios!!!

      De que adianta fazer o plantio no Parque Ecológico do Tietê?? Lá elas estão se repoduzindo sozinha, recompondo a mata naturalmente… aqui onde precisamos amenizar as condições climáticas para viver com mais saúde eles removem… Todas que foram plantadas recentemente serão removidas!!! Temos que acompanhar de perto, nos mobilizar e quem sabe conseguir reverter essa ditadura de projeto!!!

      BASTA!!!

  4. É infelismente uma covardia.
    Sou da seguinte opnião, já que o velho vai ser substituido pelo novo, quetal cortar as pernas deste politicos engenheiros e todos os responsaveis pela obra. Substituiremos por dez novos e jovens, não seria a mesma coisa.
    A covardia é tamanha que o corte é feito a noite.

    Existe alguem ou alguma coisa para parar agora resta poucas mas ainda existe.

    André

  5. Pra que se discutir sobre Os Rios de São Paulo, pra que mostrar bons exemplos, se vivemos num mundo de ignorantes?

    A impressão que tenho é que estamos andando pra trás.

    E depois o José Serra e o Kassab tem a coragem de dizer que vai “melhorar a qualidade de vida”!! Só pode ser piada!

  6. Queridos amigos, sou menor de dade, mais indo viajar percebi que mesmo colocando mais uma faixa na marginal o transito não irá melhorar, pelo contrario, pois quanto mais espaço, mais gente virá. Portanto tive uma grande idéia, um tanto quanto absurda, lendo o livro “república dos argonautas” de Anna Flora que é: plantar um monte de paus-brasil no canteiro, essa árvore está ameaçada de extição, portanto esta protegida por lei. Por favor, comentem no meu blog http://www.tapajosblablabla.blogspot.com/ isso me respondam se é uma idéia muito absurda!
    obrigada pela atençao.

    1. Olá Sofia,

      Achamos a sua idéia bem interessante, no entanto como as coisas estão caminhando talvez não exista nada que segure esta obra absurda!!! Pois nem mesmo o fato das margens serem Áreas de Proteção Permanente fez com que eles repensassem este projeto!

      Vamos torcer! Abraços

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